sábado, 17 de julho de 2010

Capítulo V - A Lei do Carma e a Lei do Perdão

Daí e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordando, vos porão no regaço; porque a medida de que usais dessa tornarão a usar convosco.

Lucas, 6:38

Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.

Mateus, 6:14

Recebereis apenas na proporção em que dais, nem um ceitil mais, nem um ceitil menos. O jogo da vida é um jogo de dádivas.

Os vossos pensamentos, atos, palavras voltam para vós, cedo ou tarde, com espantosa exatidão. Tal é a Lei do Carma, isto é, da "reação" ou "volta", como designa essa palavra sânscrita.

Como disse o fundador do Cristianismo: "Aquilo que o homem semeia virá a colher".

Uma senhora relatou-me o seguinte caso pessoal que serve de exemplo para a lei:

"Construo todo o meu carma em minha tia. Tudo o que digo a ela, alguém me repete. Muitas vezes me irrito em casa e certa ocasião disse a minha tia que gostava muito de conversar à refeição: 'Não quero mais conversa; desejo comer em paz'. No dia seguinte, ao tomar o meu lanche em companhia de uma senhora a quem desejava produzir a melhor impressão possível, falava-lhe com animação, quando ela se voltou para mim e disse: 'Não quero mais conversa; desejo comer em paz'".

Essa senhora tinha a consciência muito elevada e, por isso, seu carma lhe era retribuído com grande rapidez e facilidade. Quanto mais conhecerdes a lei espiritual, mas responsável sois e, se não a praticardes, maior será o vosso sofrimento.

Diz o Livro dos Provérbios:

"O temor do Senhor (a Lei) é o começo da sabedoria". Se substituirdes a palavra Senhor pela palavra Lei, muitos trechos da Bíblia se tornarão mais claros.

"A vingança é minha, eu retribuirei", diz o Senhor (a Lei). É a Lei que vinga e não Deus.

Deus vos vê como ser perfeito, "criado à sua própria semelhança (imaginação), e possuindo poder e domínio. Essa é a perfeita idéia de vossa entidade, registrada na Mente Divina, à espera de vosso reconhecimento, pois só podereis manifestar o que a vossa mente puder ver que sois e alcançar o aquilo que ela vos vê alcançando.

Uma sentença antiga diz que "nada acontece sem um espectador" (que é o subconsciente do indivíduo).

Antes que a vossa ruína ou triunfo, ou antes que a vossa alegria ou tristeza apareça no mundo visível, é preciso que seja vista por vós no cenário de vossa imaginação, onde podereis destruí-la antes de se materializar. Podereis observar isso na mãe que forma imagens de moléstias para seu filho ou na mulher que forma imagens de triunfo para seu esposo.

Disse Jesus Cristo: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Vedes, portanto, que a libertação de todas as condições infelizes vos virá pelo conhecimento da lei espiritual.

A obediência deve preceder a autoridade, e a lei vos obedecerá quando lhe tiverdes obedecido em primeiro lugar. Antes que a eletricidade possa obedecer-vos e prestar-vos um serviço, é preciso que obedeçais às suas leis. Se a empregardes ignorantemente, poderá tornar-se vossa inimiga. O mesmo acontece com as leis mentais.

O caso de uma senhora que possuía forte vontade pessoal serve de ilustração. Desejando possuir a casa que pertencia a um seu conhecido, fez diariamente pinturas mentais de si mesma residindo naquela casa. Passado algum tempo, o proprietário morreu e ela tomou posse da casa. Porém, não levou muito tempo e ficou viúva, tornando-se a casa inútil para ela.

Anos depois, tendo chegado ao conhecimento da lei espiritual, perguntou ao seu professor mentalista: "Julgai que eu tenha alguma coisa com a morte daquele homem?"

A resposta que obteve foi a seguinte:

"Sim; vosso desejo foi tão forte, que tudo deu lugar para ele, porém, tivestes de pagar vossa dívida cármica. Vosso esposo, a quem amáveis muito, faleceu logo depois e a casa se tornou para vós coisa inútil".

Entretanto, se o primeiro proprietário tivesse sido positivo na sua idéia de verdade, não poderia ser afetado pelos pensamentos da senhora, e o mesmo se daria com seu marido; porém, ambos estavam sob dependência da lei cármica.

Sentindo o grande desejo de residir naquela casa, a senhora deveria ter dito: "Infinita Inteligência, dai-me casa justa, tão encantadora, como esta, a casa que me pertence por direito divino!"

A escolha feita divinamente lhe teria dado completa satisfação e produzido bem para todos.

O único ideal ou modelo que deveis seguir é o ideal ou modelo divino.

O desejo é uma força tremenda, que deve ser dirigida pelos canis justos, pois, do contrário, produzirá confusão e ruínas.

O passo mais importante e o primeiro a dardes na aplicação das forças espirituais está em pedirdes o que é justo. Deveis pedir sempre só o que vos pertence por direito divino.

Para voltarmos ao exemplo citado, se a mulher tivesse tomado esta atitude: "Se a casa que desejo for para mim, não poderei perdê-la; se não for para mim, dai-me seu equivalente", o homem podia ter resolvido mudar-se harmoniosamente, se essa fosse a preferência divina para ela, ou outra casa a teria substituído perfeitamente. Tudo o que é forçado a manifestar-se pela vossa vontade pessoal sem sai mal ou termina mal.

O Senhor avisa-nos: "Seja feita a minha vontade e não a tua, e – coisa curiosa – quando abandonais a vossa vontade pessoal e deixais que a Inteligência Infinita aja por vosso intermédio, sempre alcançais exatamente o que desejais".

"Ficais quietos e vede a salvação que o Senhor (a Lei) vos dará". (II Crônicas, cap.20, versículo 17.)

Uma senhora se dirigiu a mim em grande aflição. Sua filha havia decidido fazer uma viagem muito arriscada, e ela receava muito pela jovem. Referiu que havia empregado todos os argumentos possíveis, apontando os perigos que encontraria e proibindo que partisse; porém, a filha se tornara cada vez mais rebelde e determinada.

Expliquei à mãe: "Estais querendo impor a vossa vontade pessoal à vossa filha, o que não tendes direito de fazer, e vosso medo da viagem não está fazendo mais do que atraí-la, pois a pessoa atrai o que teme. Abandonai isso e retraí vossa intervenção mental. Colocai o caso nas mãos de Deus e fazei a seguinte afirmação: 'Deponho esta situação nas mãos do Infinito Amor e Sabedoria. Se essa viagem é o plano divino escolhido por Deus, abençôo-a e não mais resisto; porém, se não for divinamente planejada, dou graças por ser agora dissolvida e desfeita'".

Passados dois ou três dias, a filha declarou-lhe: "Mamãe, abandonei a idéia da viagem". Assim, a situação voltou ao seu "nada primitivo".

Parecer-vos-á difícil aprenderdes a "aquietar-vos" e, para isso, deveis meditar sobre o que vos disse no capítulo da Lei da não-resistência.

Darei outro exemplo do semear e receber, que foi relatado por uma senhora mentalista e se realizou de um modo curioso. Ela referiu o seguinte:

"Uma senhora se dirigiu a mim e mostrou-me uma nota falsa de vinte dólares que recebera de um banco. Achava-se muito aflita e disse-me que os auxiliares do banco jamais reconheceriam que se enganaram.

"Respondi-lhe: 'Analisemos a situação e vejamos por que a atraístes'. Refletiu um momento e exclamou: 'Sei o porquê. Mandei, por brincadeira, a uma amiga um punhado de imitação de dinheiro'. Por isso a lei, que nada sabe de brincadeiras, lhe enviara aquela nota falsa. Propus-lhe então: 'Apelemos agora para a Lei do Perdão e neutralizaremos a situação. O cristianismo é fundado na Lei do Perdão. Jesus Cristo nos remiu do peso da Lei Cármica, e o Cristo que está dentro de cada ser humano é o redentor e salvador de todas as condições desarmoniosas'. Fiz, portanto, o seguinte pedido: 'Espírito Infinito, apelo para a Lei do Perdão e vos dou graças, porque ela se acha sob vossa graça e não pode perder os vinte dólares que lhe pertencem por direito divino'. E dirigindo-me à senhora, disse-lhe que voltasse ao banco e dissesse sem receio que a nota lhe foi dada por engano. Ela obedeceu e ficou surpreendida de ver que lhe pediram desculpas e lhe deram outra nota, tratando-a de modo muito cortês.

Portanto, o conhecimento da lei vos dá o poder de "apagar os vossos erros". Não podeis forçar o vosso exterior a ser o que não sois interiormente, na vossa consciência. Se desejais a riqueza, deveis ser primeiro rico em vossa consciência.

Refere um mestre em metafísica:

"Uma senhora se dirigiu a mim para pedir que a tratasse para obter prosperidade. Ela não dava muita atenção aos assuntos domésticos, e seu lar estava em grande desordem. Aconselhei-a da seguinte forma: 'Se quiserdes ser rica, deveis ter ordem. Todos os homens de grande riqueza apreciam a ordem, que é a primeira lei divina. Nunca alcançareis a riqueza, se conservardes um fósforo queimado na alfineteira'.

"Ela possuía um bom sentimento de humorismo e imediatamente se pôs a arranjar a sua casa. Modificou a posição dos móveis, consertou as gavetas da escrivaninha, limpou os tapetes e pôs fora todas as miudezas inúteis. Pouco tempo depois, teve uma bela demonstração financeira, recebendo um presente de um parente. Ela mesma modificou-se muito, conservando a boa disposição com o seu exterior e a atitude mental de que Deus era seu suprimento".

Muitos dentre vós ignoram o fato de que as dádivas e presentes são colocações de dinheiro e que o economizar e guardar excessivamente levam invariavelmente ao prejuízo. Dizem os Provérbios, cap.11, versículo 24: "Um dá liberalmente, e se Le acrescenta mais e mais. Outro poupa mais do que é justo, mas se empobrece".

Um metafísico americano relata o seguinte fato, que serve de exemplo ilustrativo:

"Conheci um homem que queria comprar um casaco de puro linho. Ele e sua mulher se dirigiram a várias lojas, porém não encontraram o que ele queria. Acharam que todos eram artigos muito ordinários. Afinal, lhes mostraram um que o comerciante afirmou ser avaliado em mil dólares, porém cedia-lhe por quinhentos, porque já estava no fim da estação. O dinheiro que possuía orçava por uns seiscentos dólares. A mente racional lhe dizia: 'Não podeis gastar num casaco quase tudo o que possuis'. Porém, ele era muito intuitivo e não quis raciocinar. Voltou-se para a mulher e disse: 'Se comprar esse casaco, ganharei muito dinheiro!' A mulher consentiu na compra, mas sem entusiasmo.

"Mais ou menos um mês depois, ele recebeu dez mil dólares de comissão. O casaco fê-lo sentir-se tão rico que o levou ao êxito e à prosperidade, sem ele, não teria obtido a comissão que lhe deram. Aquela compra foi uma colocação de dinheiro que lhe rendeu grande dividendo!"

Entretanto, se não derdes atenção a essa direção interna para gastar ou dar, o dinheiro que dependerdes não vos dará proveito e nem ao que receber.

Uma senhora informou à sua família que, no dia de Ação de Graças não teriam um jantar adequado ao dia, pois, embora dispusesse de dinheiro, resolvera economizá-lo. Dias depois alguém penetrou em seu quarto e roubou-lhe a quantia exata que devia despender naquele jantar.

A lei sempre apóia aquele que gasta sem temor e com inteligência, como mostra o seguinte exemplo, citado por um metafísico:

"Uma de minhas alunas fora fazer compras levando uma sobrinha em sua companhia. Esta pôs-se a chorar por um brinquedo que aquela dissera não poder comprar-lhe. Repentinamente, porém, teve a idéia de que estava visualizando necessidade e não o reconhecimento de Deus como seu suprimento de Deus como seu suprimento! Comprou, pois, o brinquedo e, ao se dirigirem para casa, encontrou no caminho a quantia exata que despendera".

Vosso suprimento será inesgotável e infalível quando tiverdes plena confiança nele, porém é preciso que vossa fé e confiança preceda a prova.

Disse Jesus: "Faça-se conforme a tua fé". Escreveu S.Paulo: "A fé é a substância das coisas esperadas, a evidenciadas coisas não vistas". Com efeito, ela mantém firme a vossa visão mental, dissolvendo as imagens contrárias e, se não desfalecerdes, no devido tempo colhereis. Jesus Cristo vos trouxe a boa nova (o Evangelho) da existência de uma lei superior à do carma e que a transcende completamente.

É a Lei da Graça e do Perdão. A lei que liberta o indivíduo da lei da causa e efeito, que é a lei das conseqüências. Colocai-vos debaixo da graça e não da lei.

Ensinam os Mestres que, nesse plano, o indivíduo colhe o que semeou, e as dádivas de Deus são simplesmente derramadas sobre ele.

"Tudo o que o Reino possui lhe pertence". Esse contínuo estado de bem-aventurança aguarda aquele que venceu o pensamento do gênero humano ou o mundo, e que, diante das perseguições, dificuldades e obstáculos, dis no seu íntimo: "Eu só, com Deus, sou maioria". No pensamento mundano só há tribulação; porém, Jesus Cristo disse: "Alegrai-vos; venci o mundo!"

O pensamento mundano é o pecado, a moléstia e a morte. Jesus viu a sua absoluta irrealidade e disse que a moléstia e a tristeza passariam e que a própria morte seria o último inimigo a ser vencido. Sob o ponto de vista científico, sabemos agora que a morte pode ser vencida imprimindo na mente subconsciente a convicção de vida e mocidade eternas.

Sendo apenas uma força sem direção, vossa mente subconsciente executa as ordens sem fazer oposição. Agindo sob a direção do vosso superconsciente (Deus em vós ou o vosso Cristo interno), ela pode produzir a "ressurreição de vosso corpo". Então, não mais abandonareis o vosso corpo pela morte. Ele será transformado no "corpo elétrico", cantado por Walt Whitman.

A história filosófica do mundo se resume nas três palavras: Fatalismo, Carma e Livre-Arbítrio, que constituem a base fundamental de todas as religiões antigas e modernas.

O maometano encara as calamidades com a cabeça inclinada e a calma do mais completo abandono, tendo na boca a palavra "Kismet" que, para ele, é o Destino Inexorável.

O brâmane. O budista e o jaino sofrem estoicamente a ruína e o desastre, murmurando a palavra "Carma", a lei invariável das conseqüências.

Os cristão suspiram tristemente, dizendo: "É a imperscrutável vontade de Deus" – ou o Destino.

Os gnósticos, materialistas ou ateus empregam as palavras coincidência, sorte e destino para designar as coisas inexplicáveis que lhes sucedem.

O ocultista, porém, afirma que o destino e o livre-arbítrio se reúnem na ação da lei de causa e efeito.

A maioria dos seres humanos segue, na prática, a doutrina do fatalismo. Todos os fatalistas colocam fora de si mesmo o poder que determina o destino, e nisso está a fraqueza e inexatidão desse sistema, porquanto a base do fatalismo é que sofrais os efeitos de causas que não pusestes em atividade. O fatalismo retira o livre-arbítrio do homem e, fazendo-o, priva-o de toda responsabilidade moral, pois se um Deus, caprichosamente, criou o homem no pecado, dando-lhe caráter e ambiente que o fazem proceder mal, então Deus é o responsável.

A questão da crença que "tiverdes" é muito importante, pois "como o homem pensa em seu coração, assim é ele". Aquilo que realmente acreditais – e o que dizeis que credes – manifestais em vossa vida exterior.

Se aceitais uma doutrina ou teoria, inconscientemente e seguis e, portanto, antes de aceitá-la, deveis examinar bem os seus princípios, porque, seguindo-os, resultarão deles certas conseqüências em vossa vida.

Se não tiverdes uma crença firme sereis um indivíduo instável, vacilante e sem equilíbrio, não sendo possível confiar em vossas palavras.

A Lei do Carma, que constitui uma parte essencial dos credos do Oriente, também, na prática, é considerada fatal pela maioria dos povos. É a lei de causa e efeito, à qual Jesus se referiu quando disse: "Não julgueis para não serdes julgados. Pois, conforme julgardes, sereis julgados, e com a medida que empregardes vós sereis medidos".

S.Paulo também se referiu a isso quando disse: "Não vos iludais; ninguém zomba de Deus, pois aquilo que o homem semear, virá a colher".

Conforme as religiões indianas, o homem entra na vida terrestre no ambiente que seu carma passado – pensamentos e atos – criou. Talvez um exemplo vos permitirá formar uma idéias mais clara:

"Havia um homem rico, em certa cidade, o qual vivia como a maioria de sua classe, somente para gozar a vida. Encontrou uma mulher leviana, da qual logo se fez amante. Após algum tempo, ele cansou-se de uma vida inútil e desregrada, e resolveu emendar-se. A mulher fez-se amante de outros, até cair, finalmente, na mais baixa degradação. Entretanto, desde o momento em que cortara suas relações com aquela mulher, o homem elevou-se cada vez mais mental e moralmente, e, depois de algum tempo, pareceu que se haviam esquecido completamente.

"Enfim, desencarnaram. O homem reencarnou-se em primeiro lugar e, em virtude de sua vida anterior mais perfeita, nasceu numa família voa e foi educado em ambiente que o levou a uma vida intelectual e moral.

"Terminados os seus estudos, escolheu o ministério por profissão, julgando que, dessa forma, poderia ajudar melhor seus irmãos. Recebeu uma paróquia e casou-se. O ego a quem desviara do caminho estava à procura de reencarnação. A mente divina não havia esquecido a antiga relação entre esses dois egos e que aquele esquecido a antiga relação entre esses dois egos e que aquele homem produzira a queda moral do outro. A corrente magnética que unira fortemente os dois em uma existência anterior não havia sido cortada, e ela os reuniu novamente. O ego que tivera a personalidade feminina encarnou-se como filho do ministro. O carma, constituído pelos antigos pensamentos e atos, os havia reunido. Quando o rapaz se fez homem, todos os antigos desejos insatisfeitos de dissipação se levantaram, e ele se entregou a uma vida dissoluta. Isso trouxe muito aborrecimento e vergonha para o ministro, seu pai, porém provinha do carma e era justo. Noite após noite, procurava seu filho nos ambientes do vício e o trazia para casa. Diariamente conversava com ele e orava para que mudasse de proceder. Seu maior desejo na vida era levar seu filho para o bom caminho. Assim, esses dois egos permaneceram ligados pelos seus atos até que seu pai, finalmente, elevou o filho ao plano moral de onde o fizera cair".

Tal é o destino criado pelo próprio indivíduo.

Os hindus reconhecem também que os pensamentos e atos atuais formam o futuro tanto da existência atual na terra como da seguinte. Porém, dão excessiva importância ao carma como efeito e pouca como causa, e assim os hindus e os estudantes ocidentais de filosofia oriental facilmente se inclinam a pensar que o carma, embora feito pelo indivíduo, é quase inexorável. Não se compenetram muito bem de que o destino, sendo feito pelo indivíduo, pode ser modificado por ele. Enfim, não dão a devida força ao livre-arbítrio.

O principiante do ocultismo está sujeito a formar essa mesma idéia do carma pois, como dissemos, a maioria das pessoas pouco desenvolvidas é fatalista.

Os estudantes fazem amiúde esta pergunta: "Se o meu ambiente é cármico, como poderei mudá-lo?"

Respondo sempre: "Não vos esqueçais que o carma é causa e efeito ao mesmo tempo; não vos esqueçais que tendes livre-arbítrio e, portanto, podeis esperar passivamente que a lei mude vosso ambiente, o que se dará no devido tempo, ou podeis modificá-lo no presente, pondo em atividade novas causas".

Ao dizer que o homem tem livre-arbítrio, não pretendo que julgueis que é absolutamente livre, mas, sim, que tem a liberdade de empregar ou não as forças da natureza, a liberdade de agir de acordo com a vontade divina ou contra ela.

A vossa vontade não só é limitada pela vossa falta de conhecimento da vontade divina, mas também modificada amiúde pela vontade dos outros.

Porém, se vos habituardes a confiar plenamente na vontade divina, esta, unida à vossa vontade, vos permitirá escapar completamente da influência de qualquer vontade estranha.

A Lei da Graça e do Perdão, reconciliando-vos com o Criador, produzirá uma completa transformação no vosso íntimo fazendo de vós um homem novo.

Para vencerdes a Lei do Carma e vos colocardes sob a Lei da Graça e do Perdão, é preciso perdoardes a todos, seja o que for que vos tenham feito e seja qual for o motivo que tiverdes para vos queixardes, é preciso que esqueçais não só os erros dos outros, mas também os vossos, por maiores que sejam.

A lei de que colheis o que semeastes não deixa de existir por vos colocardes sob a Lei da Graça, porém vencereis os seus efeitos externos por meio de uma lei superior, a qual vos elevará acima das leis de causa material, como o conhecimento das leis da aeronáutica vos permite viajar de avião, não precisando mais sujeitar-vos às leis de viagem a pé, a cavalo, por trem de ferro ou por automóvel.

À proporção que vos fordes convencendo da realidade destas leis espirituais e as aplicardes em vossas existências, ireis colhendo o fruto de uma existência mais concorde com os princípios de Harmonia, Amor, Verdade e Justiça, em que o progresso material correrá paralelamente ao desenvolvimento espiritual, pois são os dois pólos de uma mesma coisa.

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