quarta-feira, 11 de julho de 2012

PARA ENTRAR NO SILÊNCIO

O silêncio é poder e, quando chegardes, em vossa mente, ao lugar do silêncio, tereis atingido a posição de poder, o lugar em que tudo é um e único poder: Deus.
“Aquieta-te (fica silencioso) e sabe que sou Deus.”
O poder difuso é ruído. O poder concentrado é silêncio. Quando, pela concentração (atração para um centro), tiverdes reunido todas as vossas forças numa só força ou num só ponto, entrastes em contato silencioso com Deus, vos tornastes uno com Ele e com todo poder. Essa é a vossa herança humana, pois podeis dizer: “Eu e o Pai somos um”.
Só existe um meio de unificar-vos com o poder de Deus: é entrardes em contato consciente com Ele. Isso não poderá ser feito no exterior, pois Deus manifesta de dentro. “O Senhor esta em seu santo templo, que toda a terra mantenha silêncio diante dele”, disse Habacuque, no cap.2, vers.20. Somente passando do exterior para o silêncio do interior, podereis empregar o poder que Deus é.
Se não tiverdes conhecimento da natureza de Deus e do homem, vos parecerá desconcertante falar-vos em empregardes o poder que Deus é. Deus é a grande força, substância e inteligência viva e vós, como homem, lhe dais uma expressão ativa. Deus sendo o o único poder que existe, ao falardes, ao respirardes, ao vos moverdes, empregais sempre esse poder. Fazeis uso constante do poder de Deus, porém, não sentindo a grandeza dele, ainda não aprendestes a fazer “as grandes obras” por meio dele. No silêncio, na calma, no reino do céu em vossa alma, tornai-vos conhecedor de Deus como poder e sabeis que todo poder está dentro, à espera de vossa chamada para manifestá-lo em ato. “Relativamente às obras de minhas mãos, ordena-me”, disse o Senhor. É vosso apelo que abre a porta para a expansão desse poder.
Devereis compreender a verdadeira natureza desse apelo e posso esclarecê-la com uma ilustração. Ao precisardes de água em vosso apartamento, não gritais ao reservatório do parque, porém, abris a torneiro que se acha em contato com o depósito por meio dos encanamentos que estão enterrados e são a ligação invisível à fonte de suprimento de água. Exatamente da mesma forma, recebereis a força de Deus por meio da ligação invisível que tendes com Ele dentro de vós mesmo.
Deus não vos ouve por muito falardes, gritardes, ou pedirdes por vãs repetições. O Pai, que está em vosso íntimo, é adorado em espírito e verdade. Ouve o apelo da alma que sinceramente se abre a Ele. Seu poder flui no coração que estabelece sua relação com Ele “em segredo”, pelo canal secreto da mente. “Entra em teu quarto e, fechada a porta, ora o teu Pai em segredo; e teu Pai que vê no secreto te recompensará liberalmente” – disse o Mestre, conforme Mateus, 6:6. Que contato individual secreto e silencioso com o Pai o Mestre desvendou! Quão poderosa é essa relação íntima e secreta: “O Pai que vê em secreto te recompensará liberalmente!
Deus não vos fala no “impetuoso vento”, nem no “terremoto”, nem no “fogo”, mas sim na “débil vozinha”, que se faz ouvir às vossas almas, como se acha em I Reis, 19: 11-12.
Antes de poderdes comungar com o Pai no silêncio e sentirdes que todos os vossos desejos estão na mente d’Ele, e, portanto, são desejos desejos d’Ele, devereis compreender a intimidade de vossa relação com Ele, do Pai com o Filho ou do Espírito com o corpo. É apenas em vossa consciência que existe separação, pois, embora pareçam dois, são realmente um só.
“Não encho Eu o céu e a terra?” – disse o Senhor. Foi essa a compreensão que foi dada a Jacó, quando dormia sobre a “pedra” da materialidade. Num grande surto de iluminação divina, viu que o exterior é a expressão (ou pressão para manifestar-se) do interior. Admirado da maravilha daquela revelação divina, exclamou: “Certamente o Senhor está neste lugar (a terra ou o corpo) e eu não o sabia. Isto não é mais que a casa de Deus e esta é a entrada para o céu!”
É pela “escada” da vossa consciência, revelada a Jacó, numa visão que devereis subir para entrardes no silêncio do lugar secreto do Altíssimo, descobrindo assim que estais no próprio centro das coisas criadas, sendo, na onipresença, uno com todas as coisas visíveis e invisíveis. Na visão de Jacó, lhe foi mostrado que a escada se elevava da terra ao céu. Viu os anjos de Deus descendo e subindo por ela, as idéias angélicas de Deus descendo do Espírito para a forma e subindo novamente.
Foi a mesma revelação que se deu a Jesus quando os céus se lhe abriram e ele viu a admirável lei de expressão por meio da qual as idéias concebidas na mente divina tomam expressão e se manifestam na forma. Essa lei de expressão foi tão perfeitamente revelada ao Mestre, que Ele viu imediatamente que toda forma pode ser mudada ou transformada , por meio da mudança da consciência em relação a ela e, por essa razão, a sua primeira tentação foi mudar a forma das pedras em pão, a fim de satisfazer a fome pessoal. Porém com a revelação da lei da expressão, veio-lhe a compreensão de que expressar é fazer pressão sobre alguma coisa, ao passo que servir o eu pessoal é inverter a lei e suprimir a vida, em lugar de expressá-la.
Bastará apenas olhardes para a folha que cresce numa planta para compreenderdes que ela começa sua expressão no ponto em que se une ao todo: sua haste. Essa haste é a entrada por meio da qual a vida íntima e a substância de toda árvore entram na folha e se expressão por meio dela. Quando Jesus disse: “Sou a porta”, designava exatamente o mesmo. Em cada alma, Eu Sou a porta pela qual a vida, o poder e a substância do grande EU SOU, que é Deus, se manifesta na expressão por meio do indivíduo.
Esse EU SOU só tem um modo de expressão, pela consciência: idéia, pensamento, palavra e ato. Esse EU SOU, que é Deus, é poder, substância e inteligência, que recebe a forma por meio da consciência, e é por esse motivo que o Mestre disse: “Faça-se conforme vossa fé” e “Tudo é possível ao que crê”.
Vêdes, assim, que Deus está dentro da alma como poder, substância e inteligência ou, em termos espirituais, sabedoria, amor e verdade, sendo manifestado na forma ou expressão pela consciência, a qual determina a forma pela crença ou concepção que conserva na mente. Se isso não fosse verdade, não vos seria possível mudar ou transformar a vossa forma “pela renovação de vossa mente” ou mudança de vossa crença, como se acha em Romanos, 12: 2. Vossa crença que vossa forma é separada de vosso Espírito é que faz a vossa forma envelhecer e morrer.
Ao compreenderdes que o Espírito é tudo e que a vossa forma está constantemente sendo expressa por Ele, vos compenetrareis que aquilo que nasceu do Espírito é Espírito e conserva a forma na consciência de expressão, pureza e perfeição perpétuas. Se conservardes vossos olhos mentais firmes nessa verdade absoluta, vosso corpo se tornará uma “luz”, sem qualquer “parte escura” ou doente.
A outra grande verdade que compreendereis por meio dessa consciência, é que cada indivíduo, sendo uma concepção da mente divina, é conservado nessa mente como idéia perfeita. Não tereis de conceber a vós mesmo. Fostes perfeitamente concebido na Mente perfeita de Deus, e, se formardes essa realização em vossa consciência, podereis subir pela “escada da consciência”, entrar em contato com a mente divina e conceber novamente o que Deus concebeu para vós.
Isso é o que Jesus denominou “nascer de novo”. É a grande dádiva que o silêncio vos oferece, pois, entrando em contato com a Mente de Deus, podereis pensar com ela e conhecer a vós mesmo como sois na realidade e não como vos julgais ser. Então, como agora, vos expressareis pelo canal do pensamento, porém, como entrareis em contato com a Mente de Deus por meio do verdadeiro pensamento, manifestarei uma expressão verdadeira, ao passo que agora sendo falso o vosso pensamento, manifestais uma expressão falsa. Entretanto, quer a vossa forma seja perfeita, quer seja imperfeita, a vossa ENTIDADE é poder, substância e inteligência de Deus. Não é a vossa Entidade que precisais mudar, mas sim a forma que ela tomou. Para realizardes isso, devereis renovar vossa mente ou a concepção imperfeita que ela fez, mudando o vosso pensamento pessoal para o pensamento de Deus. Vedes, pois, quanto é importante encontrardes a Deus, entrardes em contato com Ele, serdes uno com Ele e manifestá-lo em em vossa expressão! Quanto é igualmente importante o silêncio, em que a vossa mente pessoal se abre para que a Mente de Deus possa iluminar em todo o seu esplendor  a vossa consciência. Quando o fizerdes, compreendereis como “o Sol da retidão surgirá trazendo a cura em seus raios”.
A Mente de Deus banhará a vossa consciência como a luz do sol ilumina um aposento escuro. A penetração da Mente universal na vossa mente pessoal é como a entrada da imensidade do ar exterior naquilo que se corrompeu por ter estado durante muito tempo num compartimento fechado. É a mistura do maior com o menor, por meio da qual este se torna uno como o maior. A impureza foi produzida pela separação havida entre eles. A pureza é produzida pela sua união, não havendo mais um maior e um menor, mas sim um ar bom, puro e completo. Assim também, devereis saber que Deus é um e que todas as coisas visíveis e invisíveis são uma só com Ele.
É a separação d’Ele que produziu o pecado, a moléstia, a pobreza e a morte. É a união com Ele que vos fará uno com o SER COMPLETO ou consciente d’Ele.
A separação da unidade é a descida dos anjos pela escada da consciência. A volta à unidade é a subida dos anjos pela mesma escada. A descida foi boa, porque assim a unidade se expressou na diversidade, porém, não era preciso haver conceito de separação, na diversidade. A diversidade foi mal concebida, sob o ponto de vista pessoal, como sendo separação. A grande obra para vós, como alma, é elevardes o vosso ponto de vista pessoal a tal altura na vossa consciência, que vos torneis una com o todo.
“Não se faça a minha vontade, mas a Tua”, disse Jesus. Quando todos puderdes “estar de acordo num só lugar (o lugar de vossa consciência em que compreenderdes que todas as coisas visíveis e invisíveis têm sua origem ou começo num só Deus), então o Espírito Santo encherá vossa consciência e deixarão de existir as ilusões sensuais de pecado, moléstia, pobreza e morte. O grande propósito do silêncio é chegardes a esse resultado.
À proporção que o EU SOU, Deus, o Ente de poder, substância e inteligência, se expressar por vosso intermédio, começará sua expressão onde estiver o vosso Eu Sou, – o Ente Divino que reside em nós. Portanto, “no princípio, Deus”.
A expressão se efetua da forma seguinte:
   EU SOU ENTE………………… Espírito.
   Eu sou sentimento………….. Alma, idéia ou emoção.
   Eu sou pensamento………… Mente ou pensamento.
   Eu falo……………………………. Voz ou palavra.
   Eu manifesto………………….. Forma ou corpo.
Neste processo de expressão, o EU SOU é sempre Deus. Ele não muda, porém, se expressa em diversos planos de existência: Espírito, idéia, pensamento, palavra e corpo. O EU SOU estende sempre formas de expressão para Si. Deus está sempre dentro de sua própria expressão, o corpo, que é seu templo. “Aquieta-se (acalma-te) e sabe que Eu sou Deus”, diz Ele no íntimo da consciência.
O vosso exterior é vosso interior expresso ou manifestado por meio da vossa consciência: a idéia, o pensamento, a palavra e o ato. Por que, pela vossa consciência, separais a forma do Espírito, quando devereis uni-los? Jesus uniu o exterior ao interior. Como disse Paulo em Efésios, 2: 15: “Pois ele, que fez um só de ambos, é nossa paz… tendo abolido em sua carne a inimizade; para fazer em si mesmo de dois um novo homem, assim fazendo a paz”. Em Jesus Cristo, a Palavra que estava com Deus e era Deus, se fez carne e se habitou entre nós.
A consciência do Cristo vos ensinou a compreender Deus na carne, a saberdes que aquilo que nasceu do Espírito (foi expresso pelo Espírito) é sempre Espírito. Portanto, a consciência do Cristo é: “Aquele que me viu (a expressão do EU), viu o Pai (o EU que formou a sua própria expressão).
O vosso primeiro passo no silêncio será acalmardes vossa forma exterior, relaxardes completamente vosso corpo, abandonardes toda tensão, reconhecerdes que vossa própria forma é Deus na forma, – “a imagem e semelhança de Deus” – mesmo que os vossos traços não sejam belos ou harmoniosos, pois foram feitos pela vossa consciência individual que ainda poderá estar na falsidade. Embora uma moléstia esteja expressando-se em vós, vede mentalmente a Entidade de vossa forma como divina. Esta será a primeira volta da escada de Jacó. Compreendereis, como ele, que “certamente o Senhor está neste lugar e aqui é a porta do céu”.
Por meio desta escada da forma, entrareis no reino do Espírito e, como reconhecimento consciente do que direis, falareis a palavra ou subireis a segunda volta da escada de Jacó: “Eu sou Deus expresso”.
Será impossível falardes essas palavras sem a consciência do poder que transbordará de vossa mente. A própria menção da palavra “Deus” despertará o pensamento de Deus. Pensar em Deus é ser elevado à terceira volta da escada. Chegado a esse ponto, a vossa consciência atingiu um ponto superior à forma física  e se encontrará na forma mental. Então, meditareis em Deus, no seu amor, na sua bondade, na sua sabedoria, na sua vida, substância e poder. Essa forma de pensardes em Deus como vosso Pai, concessor de todo dom perfeito, ou como sendo a própria dádiva, despertará em vós uma consciência superior à da região do pensamento, pois, meditardes sobre o amor é entrardes, inconscientemente, no reino do sentimento e das emoções do Espírito, estando, então, na quarta volta da escada de Jacó; a própria alma, o reino das idéias.
Nesse plano de consciência, sentindo o amor e a irradiação da vida, amor e poder estender-se de vós, sem pensardes e sem fazerdes esforço, a vossa consciência atingirá o lugar do Altíssimo, ao próprio Ente Universal, ao lugar de sabedoria, amor e verdade ou poder, substância ou inteligência.
Nessa elevação de vossa consciência, estareis naquele que é tudo e sereis uno com Ele. Vereis tudo em sua natureza pura, estado completo e perfeito. Tereis chegado à terminação da escada de Jacó e vos encontrareis no “reino dos céus”, no próprio trono de Deus. Deus é o começo de todas as coisas e, desse Centro, por meio de um verdadeiro processo de pensamento, vossa consciência poderá ser renovada e purificada, e, podereis descer tranquila e felizmente, por essa admirável escada mental, transformando a forma que expressava moléstia, numa forma sadia e perfeita, porque encontrastes, no Espírito, que Deus é tudo e sabeis que n’Ele tudo é perfeito.
Que alegria será para vós entrardes no oceano da Existência em que tudo é Deus, tudo é livre, tudo é bom! Que felicidade vos será saberdes que toas as coisas visíveis e invisíveis vivem, se movem e têm sua existência n’Ele! Que satisfação saberdes que está dentro e fora de tudo e atravessa tudo e, mais ainda, é tudo!
Assim como o gelo está na água e a água está no gelo, e este é água, apesar de sua forma de gelo, também toda forma está no Espírito e é Espírito. “Eu sou o Senhor e fora de mim nada mais existe.”
Que descanso será para vós o saberdes que tudo é um, que todas as coisas estão misturadas nesse um, que todas elas poderão ser perfeitas nele, pois, realizando a unidade, tereis a consciência da vossa perfeição e a manifestareis.
Equilíbrio e Recompensa – Lourenço Prado – Editora Pensamento

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